Nos dias 12, 13 e 14, Fortaleza recebeu a terceira edição do COURB 2018 , o encontro de urbanismo colaborativo, que teve sua estreia em Curitiba, passou por Brasília no ano passado e agora aterrissou na região Nordeste, com uma série de atividades.
No último dia do COURB aconteceram quatro vivências, sendo uma delas a oficina de formação pela bicicleta!
A oficina teve por objetivo gerar troca de conhecimentos e experiências entre as pessoas presentes, com objetivo de promover políticas que incentivem o uso da bicicleta nas cidades, em especial em Fortaleza.
Nas palavras de Bruno Ávila, Presidente do Instituto COURB, “a vivência sobre ciclomobilidade num encontro de urbanismo colaborativo é importante porque para nós esse tipo de urbanismo só pode ocorrer quando construímos cidades mais inclusivas, seguras e com oportunidades para todos e o transporte por bicicletas fomenta esse tipo de cidade”.
Com oito horas de duração, a oficina contou com a presença de 20 participantes do COURB, sendo 18 mulheres e dois homens, em sua maioria alunas e alunos da UNIFOR e integrantes da Ciclovida – Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza.
A oficina começou com uma dinâmica em que as pessoas presentes deveriam dizer o que sabiam sobre a “política da bicicleta” e o que elas tinham de expectativa para período da oficina.
Em seguida, a Ciclovida fez uma apresentação da atuação da Associação nos últimos seis anos, como forma de mostrar às participantes o que tem sido feito para promover o uso da bicicleta em Fortaleza, por parte dessa parcela da sociedade civil. Outros coletivos, como o Bike Anjo Fortaleza e as Ciclanas, foram apresentados às participantes.
Ao longo do dia foram discutidos assuntos relativos às razões para se promover a bicicleta como parte da política de mobilidade urbana de um município, explorando argumentos com relação a custos ambientais e socioeconômicos das cidades e como a bicicleta pode contribuir com estas diferentes agendas.
Além disso, foram abordados e trabalhados os diversos componentes de uma política da bicicleta, além de discutidas estratégias de sua promoção e integração com outras políticas urbanas, como as políticas de saúde, de esporte e lazer, ambientais e de mudanças climáticas ou até mesmo econômicas.
Nas palavras de Miguel Abdala, bolsista de iniciação científica da Imagine T.C., “a oficina ajudou porque tenho um grupo de pesquisa sobre mobilidade urbana e pude expandir minhas referências e dados”.
Durante o debate, muito se perguntou sobre as razões de Fortaleza ser considerada uma referência nacional no que tange às políticas públicas ligadas à bicicleta.
Para Guilherme Tampieri, que conduziu a oficina, “é importante mostrar para as pessoas que a promoção da bicicleta vai muito além do que se chama por aí de política cicloviária ou sistema cicloviário. Para que nossas cidades tenham mais e mais pessoas optando pela bicicleta, precisamos utilizar todas as ferramentas possíveis, da infraestrutura às medidas mais suaves, levando-se em consideração também os aspectos institucionais (governança) da mobilidade por bicicleta.” E, completou Guilherme, “Fortaleza tem caminhado, ou pedalado, nesse sentido: de ter uma política da bicicleta completa e que envolve processos, aspectos e pessoas que lidam com o que a literatura tem chamado de “hardware (infraestrutura), software (medidas suaves) e orgware (governança ou aspectos institucionais)”.
No início da tarde, as participantes foram divididas em grupos para trabalharem com a dinâmica do Plano de Ação, com objetivo de fazê-los colocarem em prática os conhecimentos apresentados na oficina para dar início a planos de ação para resolver problemas reais da cidade. Um dos desafios levantados na oficina foi a impossibilidade/proibição de alunos e alunas pedalarem nas dependências da UNIFOR. Da oficina, saiu um Plano de Ação, que será levado adiante por um grupo de alunas, com objetivo de contornar essa situação e tornar possível se deslocar no campus da UNIFOR de bicicleta.
Em seguida, para experimentar e explorar parte das discussões e diálogos teóricos, foi realizado um laboratório prático, por meio de uma visita técnica na cidade. A visita foi guiada por integrantes da Ciclovida e passou por pontos importantes para que os participantes pudessem entender alguns aspectos e processos do desenvolvimento das políticas públicas ligadas à mobilidade por bicicleta na cidade. Fica o agradecimento especial à Prefeitura de Fortaleza e Serttel, por cederem bicicletas para as participantes pedalarem pela cidade.
Na volta da visita, foi realizado um debate para discutir a perspectiva dos presentes sobre a visita técnica, a partir de uma provocação de cada um trazer sua perspectiva sobre pedalar em Fortaleza. Nas palavras de Miguel, “a visita foi muito importante pois muitas pessoas não andavam de bicicleta em seus deslocamentos e tivermos como compreender as diferenças de como cada um sente e vive a cidade em cima de uma bicicleta”.
Um dos resultados da oficina foi justamente o fato das alunas, que nunca pedalaram no entorno da UNIFOR, experimentarem pela primeira vez fazerem trajetos por bicicleta na região da Universidade.
Conforme afirma uma das participantes, “o convívio, a troca de experiência e a integração dos sistemas demonstraram que é possível a implantação de políticas públicas e o respeito da sociedade com a mudança de prioridades na ocupação dos espaços públicos. É incrível ver o quanto temos feito em Fortaleza e saber que a cidade ainda tem muito potencial para avançar, em especial com as ações do PAITT.”
A quem possa interessar, a oficina foi baseada, entre outras referências, nos seguintes materiais:
- ANTP – Sistema de Informações da Mobilidade Urbana Relatório Geral 2011, 2012
- ANTP – Mobilidade Humana para um Brasil Urbano, 2017
- Biblioteca – Campanha Bicicleta nos Planos
- Bicicleta nos Planos – Experiências exitosas das organizações participantes da campanha
- Comissão Europeia – Cidades para Bicicletas, Cidades de Futuro, 2000
- GEPOIT – “Planejamento Cicloviário: Diagnóstico Nacional”, 2001
- IEMA – A bicicleta e as cidades: como inserir a bicicleta na política de mobilidade urbana, 2010
- ITDP – Guia de Planejamento Cicloinclusivo, 2017 e Financiamento e administração de sistemas públicos de bicicletas compartilhadas, 2018
- Transporte Ativo – Contagem de Estabelecimentos Comerciais com Entregas por Bicicleta em Copacabana, 2011
- Transporte Ativo – Contagem de Estabelecimentos Comerciais com Entregas por Bicicleta em Copacabana, 2015
- Transporte Ativo – Pesquisa Perfil do Ciclista 2015, 2015
- WRI – Caderno Técnico Transporte Ativo, 2016