Nos dias 23 e 24 de abril, Guará, cidade satélite de Brasília, recebeu a Oficina de Formação pela Bicicleta CENTRO-OESTE, com foco em municípios dessa região do Brasil. A oficina foi realizada no Espaço Multiplicidade.
A oficina, que faz parte do projeto que também envolve a campanha Bicicleta nos Planos, teve por objetivo gerar conhecimento e experiência no âmbito do planejamento, implantação e monitoramento de políticas de bicicleta, em conexão com outras políticas públicas urbanas.
Já foram realizadas oficinas em quatro regiões do Brasil (Nordeste, em Recife; Sul, em Florianópolis; Norte, em Belém e Centro-Oeste, em Guará), além de uma oficina extra em Aracaju. A última oficina, Sudeste, será realizada no Rio de Janeiro, em junho, nos dias 11 e 12 de junho.
Com 16 horas de duração, a Oficina Centro-Oeste contou com a presença de 28 pessoas, de sete cidades distintas, de três estados, sendo os presentes integrantes e representantes de Prefeituras, de distintos órgãos do Governo do Distrito Federal, de organizações e movimentos sociais e também da Universidade e de empresas. A oficina teve apoio dos parceiros locais – Rodas da Paz, Secretaria de Mobilidade (Governo de DF) e Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (Governo de DF) para sua realização.
Ao longo dos dois dias, foram discutidos assuntos relativos às razões para se promover a bicicleta como parte da política de mobilidade urbana de um município, explorando argumentos com relação a custos ambientais e socioeconômicos das cidades e como a bicicleta pode contribuir com estas diferentes agendas.
Além disso, foram abordados e trabalhados os diversos componentes de uma política da bicicleta, além de discutidas estratégias de sua promoção e integração com outras políticas urbanas, como as políticas de saúde, de esporte e lazer, ambientais e de mudanças climáticas ou até mesmo econômicas. Para ilustrar um exemplo prático de interação entre políticas, a oficina contou com a participação de Anamaria Aragão, da Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação/DF, que mostrou como, via Secretaria, tem-se articulado com outros órgãos do Governo para investir e promover a mobilidade ativa no Distrito Federal.
Em seguida, foram apresentadas ferramentas de planejamento participativo e implementação da bicicleta na cidade, tendo apontadas metodologias práticas de planejar e garantir participação na promoção do uso da bicicleta na cidade.
No segundo dia da oficina, para experimentar e explorar parte das discussões e diálogos teóricos, foi realizado um laboratório prático, por meio de uma visita técnica na cidade.
A visita, que teve em torno de 10 km de trajeto e, pela primeira vez em todas as oficinas, contou com a integração modal ao longo do trajeto. A ideia de se experimentar o uso da bicicleta combinado com o metrô se deu pelo fato de que, em Brasília – e nas cidades satélites – é possível, em qualquer horário, fazer a integração modal entre metrô e bicicleta. O grupo saiu da estação de Guará e foi até Águas Claras. Lá, os participantes pedalaram pela primeira ciclofaixa do DF – que, até então, só havia implantado ciclovias (segregadas e na calçada). Após a experimentação e debate sobre a nova infraestrutura, o grupo retornou para um debate sobre pontos com algum interesse no que tange ao uso da bicicleta e que haviam foram identificados como importantes de serem debatidos.
Em seguida, José Julian, do coletivo Bicicleta nos Planos de Campo Grande, apresentou a experiência de “Como iniciar a mobilização pela bicicleta” em sua cidade. O coletivo Bicicleta nos Planos CG foi formado em 2015 para realização da campanha Bicicleta nos Planos na capital sul-mato-grossense.
Por fim, os participantes foram divididos em grupos para trabalharem com a dinâmica do Plano de Ação, com objetivo de fazê-los colocarem em prática os conhecimentos apresentados na oficina para dar início a planos de ação para resolver problemas reais das cidades.
Um dos resultados da oficina foi a experiência de aproximar atores da sociedade civil e do poder público, num espaço comum, para que, juntos, pudessem compartilhar experiências.
Conforme afirma uma das participantes, “o convívio, a troca de experiência, e a integração dos sistemas demonstraram que é possível a implantação de políticas públicas e o respeito da sociedade com a mudança de prioridades na ocupação dos espaços públicos.”
A quem possa interessar, a oficina foi baseada, entre outras referências, nos seguintes materiais:
- ANTP – Sistema de Informações da Mobilidade Urbana Relatório Geral 2011,2012
- ANTP – Mobilidade Humana para um Brasil Urbano, 2017
- Biblioteca – Campanha Bicicleta nos Planos
- Bicicleta nos Planos – Experiências exitosas das organizações participantes da campanha
- Comissão Europeia – Cidades para Bicicletas, Cidades de Futuro, 2000
- GEPOIT – “Planejamento Cicloviário: Diagnóstico Nacional”, 2001
- IEMA – A bicicleta e as cidades: como inserir a bicicleta na política de mobilidade urbana, 2010
- ITDP – Guia de Planejamento Cicloinclusivo, 2017 e Financiamento e administração de sistemas públicos de bicicletas compartilhadas, 2018
- Transporte Ativo – Contagem de Estabelecimentos Comerciais com Entregas por Bicicleta em Copacabana, 2011
- Transporte Ativo – Contagem de Estabelecimentos Comerciais com Entregas por Bicicleta em Copacabana, 2015
- Transporte Ativo – Pesquisa Perfil do Ciclista 2015, 2015
- WRI – Caderno Técnico Transporte Ativo, 2016
Sobre a campanha Bicicleta nos Planos: realizada pelo Bike Anjo e UCB (União de Ciclistas do Brasil), visa estimular municípios que têm mais de 20 mil habitantes a contemplarem a bicicleta como meio de transporte prioritário no seu Plano de Mobilidade Urbana. De acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU – Lei 12.587/2012, municípios com mais de 20 mil habitantes têm até abril de 2019 para apresentar projeto de mobilidade urbana.