Nos dias 11 e 12 de junho, no Rio de Janeiro/RJ, aconteceu mais uma edição da Oficina de Formação pela Bicicleta. Dessa vez, o público-alvo foi pessoas, movimentos sociais e instituições da região SUDESTE.
Com 16 horas de duração, a Oficina Sudeste contou com a presença de 36 pessoas, de quinze cidades distintas, de cinco estados (tivemos participação de uma pessoa da Bahia e uma de Pernambuco)*, sendo os presentes integrantes e representantes de Prefeituras, Governo do Estado do Rio, de organizações e movimentos sociais e também da Universidade. A oficina teve apoio dos parceiros locais Transporte Ativo, Centro Carioca de Design, CET-Rio e SECONSERMA/RJ para sua realização.
A oficina teve por objetivo gerar conhecimento e experiência no âmbito do planejamento, implantação e monitoramento de políticas de bicicleta, em conexão com outras políticas públicas urbanas.
Com a oficina Sudeste, fechou-se o ciclo de oficinas que iniciou-se em setembro de 2017 com a realização da Oficina Nordeste, em Recife. Em seguida, em novembro, passou pelo Sul, em Florianópolis, seguindo, em fevereiro, para o Norte, em Belém, tendo a penúltima edição no Centro-Oeste, em Guará, em abril. Além, aconteceu uma oficina extra em Aracaju e uma oficina pequena em Caruaru, em Pernambuco.
Ao longo dos dois dias, foram discutidos assuntos relativos às razões para se promover a bicicleta como parte da política de mobilidade urbana de um município, explorando argumentos com relação a custos ambientais e socioeconômicos das cidades e como a bicicleta pode contribuir com estas diferentes agendas.
Além disso, foram abordados e trabalhados os diversos componentes de uma política da bicicleta, além de discutidas estratégias de sua promoção e integração com outras políticas urbanas, como as políticas de saúde, de esporte e lazer, ambientais e de mudanças climáticas ou até mesmo econômicas. Para ilustrar um exemplo prático de interação entre políticas, a oficina contou com a incrível participação – e performance – de Jô Pereira, do coletivo Preta, Vem de Bike – que atuou (Jô é artista e usou da arte para se expressar sobre a mobilidade urbana que ela acredita e defende.) e falou sobre a importância de se pensar, discutir, planejar e executar políticas de mobilidade que sejam gênero inclusiva. Ou seja, políticas que consideram, desde o início de suas formulações, as questões ligadas à presença e aos deslocamentos das mulheres pelas cidades.
No segundo dia da oficina, para experimentar e explorar parte das discussões e diálogos teóricos, foi realizado um laboratório prático, por meio de uma visita técnica na cidade. A visita, que teve em torno de 10 km. Após a experimentação e debate sobre a infraestrutura visitada, o grupo retornou ao local da oficina para dialogar sobre diversos pontos com algum interesse no que tange ao uso da bicicleta e que haviam foram identificados como importantes de serem compartilhados.
No período da tarde, José Carlos de Almeida, da Prefeitura de Sorocaba, contou como a bicicleta virou uma questão prioritária na Prefeitura de Sorocaba em 2005 e até os dias atuais a pauta tem muito espaço na cidade.
A história de Sorocaba: Prefeito eleito quis conectar a pauta da saúde à da mobilidade ativa, mas que todo o secretariado foi contrário. O Prefeito pediu que os técnicos e gestores municipais dessem alguma razão efetiva para não se investir na política da bicicleta. Convencido de que a bicicleta faria bem à saúde da cidade e das pessoas, o Prefeito levou adiante seu desejo e conseguiu consolidar a bicicleta na agenda da cidade de Sorocaba, ainda que com o passar das eleições e as trocas de governo.
Por fim, os participantes foram divididos em grupos para trabalharem com a dinâmica do Plano de Ação, com objetivo de fazê-los colocarem em prática os conhecimentos apresentados na oficina para dar início a planos de ação para resolver problemas reais das cidades.
Nessa edição, tivemos a sorte de receber uma cortesia da Rádio Pedal Sonoro! Diversas pessoas que participaram da oficina gravaram áudios sobre a oficina. Valeu, Pedal Sonoro! Acesse os áudios CLICANDO AQUI.
Um dos resultados da oficina foi a experiência de aproximar atores da sociedade civil e do poder público, num espaço comum, para que, juntos, pudessem compartilhar experiências. Nas palavras de Vivian Garelli, integrante do Bike Anjo Niterói e Conselheira do GT Gênero da UCB, “a oficina foi muito importante para fazer conexões com outros coletivos, organizações da sociedade civil e também pessoas que atuam no poder público”.
Para Carlos Greenbike, do Pedala Queimados (Queimados/RJ), “a oficina foi importante para entender e ver as referências que existem em cidades próximas e não tão próximas.” Carlos ainda citou as cidades de Sorocaba e Fortaleza como dois bons exemplos a serem seguidos.
Fica, aqui, o nosso profundo agradecimento a todas as mais de 180, de 59 cidades, pessoas que participaram das oficinas ao longo de quase um ano.
Próximos passos: agora, a campanha Bicicleta nos Planos inicia um outro ciclo: o de Olho nos PlanMobs! A campanha De Olho nos PlanMobs vem com a proposta de monitorar e engajar os municípios nesse processo, além de impedir o adiamento do prazo máximo para elaboração dos PlanMobs. Em 2018, o prazo foi adiado pela terceira vez, atrasando os avanços e melhorias que precisamos para as nossas cidades terem uma mobilidade urbana melhor e mais sustentável. Saiba mais: http://deolhonosplanmobs.org.
A quem possa interessar, a oficina foi baseada, entre outras referências, nos seguintes materiais:
- ANTP – Sistema de Informações da Mobilidade Urbana Relatório Geral 2011,2012
- ANTP – Mobilidade Humana para um Brasil Urbano, 2017
- Biblioteca – Campanha Bicicleta nos Planos
- Bicicleta nos Planos – Experiências exitosas das organizações participantes da campanha
- Comissão Europeia – Cidades para Bicicletas, Cidades de Futuro, 2000
- GEPOIT – “Planejamento Cicloviário: Diagnóstico Nacional”, 2001
- IEMA – A bicicleta e as cidades: como inserir a bicicleta na política de mobilidade urbana, 2010
- ITDP – Guia de Planejamento Cicloinclusivo, 2017 e Financiamento e administração de sistemas públicos de bicicletas compartilhadas, 2018
- Transporte Ativo – Contagem de Estabelecimentos Comerciais com Entregas por Bicicleta em Copacabana, 2011
- Transporte Ativo – Contagem de Estabelecimentos Comerciais com Entregas por Bicicleta em Copacabana, 2015
- Transporte Ativo – Pesquisa Perfil do Ciclista 2015, 2015
- WRI – Caderno Técnico Transporte Ativo, 2016
Sobre a campanha Bicicleta nos Planos: realizada pelo Bike Anjo e UCB (União de Ciclistas do Brasil), visa estimular municípios que têm mais de 20 mil habitantes a contemplarem a bicicleta como meio de transporte prioritário no seu Plano de Mobilidade Urbana. De acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU – Lei 12.587/2012, municípios com mais de 20 mil habitantes têm até abril de 2019 para apresentar projeto de mobilidade urbana.
Fui a reunião , no }}Engenho de Dentro-RJ, e já dou algumas pedaladas, tenho 73 anos.