Mannheim sediou o International Cycling Conference 2017 para celebrar os 200 anos de invenção da bicicleta, desenvolvida pelo barão Karl Drais na própria cidade. A conferência focou em unir os acadêmicos e promotores da bicicleta para apresentar pesquisas, boas práticas e exemplos de como promover a tal “máquina fantástica”, e a campanha Bicicleta nos Planos foi selecionada para estar presente.
Cidade de Mannheim, Foto: Thomas Tröster
O painel em que participamos contou com o tema de “Culturas da bicicleta“. O Dr. Peter Cox, que também esteve no Bicicultura em Recife, abordou a importância de entender os contextos políticos e econômicos para correlacionar de forma mais clara as ações de organizações da sociedade civil e as reações geradas na cidade para o tema da bicicleta. Amsterdã, a crise do petróleo e a campanha para redução de mortes de crianças foi um belo exemplo disso. Já a Profa. Dra. Ana Santos da Universidade de Lisboa mostrou uma pesquisa fantástica por fotos de três gerações e seu uso da bicicleta em Portugal. Na geração dos avós, praticamente apenas homens pedalavam e com a finalidade de trabalho. Já na geração dos pais, mulheres aparecem mais e surge o uso da bicicleta como esporte. Na geração dos filhos, o uso é predominantemente para lazer e também pela cultura “hypster” nas grandes cidades portuguesas. Tivemos ainda o Matthias Bandtel da Universidade de Mannheim, que faz um trabalho de projetos inovadores com bicicleta e mostrou a relação da bicicleta com a educação profissional, como trabalho em equipe, concentração e melhoria da qualidade de vida. Entre as soluções criadas pelos alunos estava um guidão que vibravam com sensores sonoros para maior conforto de ciclistas com deficiência auditiva.
Foto: JP Amaral
O tema saúde e atividade física estavam muito presentes na conferência por meio do projeto PASTA. Por meio de acompanhamento de pesquisas em diversas cidades da Europa, eles descobriram, por exemplo que ciclistas pesam em média 4kg a menos que motoristas.
Importante também a desconstrução de grandes exemplos de cidades para bicicletas como Copenhague, que em 1940 contavam com 60% das viagens feitas por bicicleta para apenas 2% em 1960, e agora contam conseguiram alcançar por volta de 40%. Outro caso foi a menção de que na Alemanha todas faixas etárias estão aumentando o uso da bicicleta, exceto entre 10-17 anos.
Foto: JP Amaral
Por fim, outro destaque da conferência foi a homenagem feita por Amanda Ngabirano da Universidade de Kampala, Uganda, para o projeto World Bicycle Relief, que desenvolveu uma fábrica social de bicicletas para distribuí-las a pessoas que não tem acesso a serviços ou que caminham horas por dia, quando poderiam fazer seus deslocamentos de bicicleta. Apenas em escolas, o projeto mensurou que alunos evoluíram suas notas em 58% após começarem a usar a bicicleta. No discurso de Amanda, ela demonstrou a enorme dificuldade de políticos de Uganda entenderem o por quê de promover a bicicleta e deixou uma linda mensagem final:
“Pessoas no meu continente buscam liberdade e independência por meio da guerra. A bicicleta pode proporcionar essas duas coisas pacificamente.”
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