Esta Orientação Técnica tem o objetivo estimular e orientar Organizações Locais  sobre  a realização de diagnóstico da mobilidade urbana, um dos elementos indispensáveis para a elaboração de um Plano de Mobilidade Urbana. Esta OT tem continuidade na OT “Definição de valores, objetivos, metas e medidas, validação social e publicação do PlanMob“.

 

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O que é um diagnóstico?

Ele é um processo de análise detalhada da maior quantidade possível de fatores e elementos que interferem – ou interferirão – no desenvolvimento do Plano de Mobilidade e na sua execução, em um determinado local (a cidade, a região metropolitana) e num dado momento (no curto, médio e longo prazo, por exemplo). Ou seja, ele é um levantamento dos dados necessários para entender a realidade da sua cidade.

E o prognóstico? Ele tem a ver com o futuro, com as várias possibilidades de cenários (curto, médio e longo prazo, cenários com maior ou menor investimento financeiro, etc) que podem vir a existir.

Em suma, esse processo é ilustrado na figura abaixo.

Para que serve um diagnóstico?

Um bom diagnóstico possibilita a compreensão do cenário atual da cidade (como as coisas estão) com relação aos mais diversos elementos e fatores que influenciam a mobilidade urbana, direta e indiretamente. Ele será capaz de dizer o que se tem e dar orientações para onde se quer chegar (cenários).

A realização do prognóstico, fruto direto do diagnóstico, possibilitará aos diversos atores sociais, em negociação, estabelecerem os objetivos, metas, ações, os recursos disponíveis e desejos (por que não?) para o Plano de Mobilidade. Ou seja, os cenários do Plano. Exploraremos melhor isso na próxima OT.

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O que um diagnóstico deve conter?

Ele pode ser mais simples, para o caso de cidades pequenas, por exemplo, até mais complexo, para cidades grandes.

Os diagnósticos podem (deveriam) contemplar informações e dados sobre:

  • Aspectos urbanos e socioeconômicos da cidade:

    • Sua conexão com a região metropolitana – se for o caso;

    • Os processos de evolução urbana da cidade;

    • A correlação entre a mobilidade e as questões fundiárias na cidade (em especial com o que está previsto no Plano Diretor e na Lei de Uso e Ocupação do Solo);

    • A evolução  da população, onde estão os empregos, qual a renda da cidade – de forma mais detalhada e territorializada possível;

  • Qual a organização institucional do município para gerir seu Sistema de Mobilidade Urbana:

    • Quais são os instrumentos de gestão;

    • O que tem para participação da sociedade civil;

    • De onde vem e como e por quem é gasto o orçamento ligado às áreas da mobilidade;

  • Dados de Planos, Programas, Pesquisas e Estudos que já existem – ou existiram ou existirão (não reinventar a roda!) e que são fontes de informação:

    • Projeções com relação a população;

    • Possíveis empreendimentos que chegarão;

  • Quem e quantas são essas pessoas:

    • Que se deslocam;

    • Que não se deslocam e as razões disso;

    • Se há acessibilidade às pessoas com deficiência;

  • Organização do tempo e das distâncias dos deslocamento:

    • Quando;

    • Por quanto tempo;

    • De onde;

    • Para onde;

    • Como;

    • Por quais razões;

  • Quais os perfis de deslocamento

    • Pendulares – casa-trabalho;

    • Não pendulares – casa-escola-mercado-trabalho, etc;

  • Transporte coletivo de forma geral:

    • Qual a quantidade de pessoas que fazem deslocamentos em ônibus, metrô, barca, trem, etc;

    • Quantas delas são pagantes e quantas usam algum tipo de gratuidade (embarque e desembarque);

    • Quais os preços das tarifas que existem na cidade, quais os custos reais do sistema de transporte coletivo;

    • Política tarifária;

    • Transporte escolar;

  • Composição, uso e tempo médio da frota de veículos e a projeção de crescimento:

    • Carros;

    • Ônibus;

    • Motocicletas;

    • Caminhões;

  • O que as pessoas acham do sistema de mobilidade da cidade em termos de:

    • Transporte coletivo;

    • Transporte ativo;

    • Transporte motorizado individual;

    • Acessibilidade;

    • Segurança no deslocamento (riscos, assédio, etc);

    • Segurança pública (assaltos, roubos, assédios, etc);

  • Logística urbana de forma geral:

    • Integração com outras cidades;

    • Onde há necessidade de se fazer cargas e descargas e criar centros de distribuição;

    • Quem são as empresas e pessoas que fazem isso;

  • Acidentes/colisões ligadas ao trânsito;

  • Vagas de estacionamento;

  • Serviço de táxi;

  • Gases de efeito estufa emitidos pelo setor de transportes da cidade;

  • Índices de qualidade do ar da cidade;

  • Poluição sonora dos veículos.

Ao final, o diagnóstico, deve identificar os pontos fortes e fracos da sua situação atual e as oportunidades de melhoria e barreiras.

Para tal, recomenda-se, por exemplo, a utilização de uma matriz FOFA.

..d.

Como o diagnóstico pode ser elaborado?

Para possibilitar a análise mais completa possível, é importante os atores envolvidos se debruçarem sobre as fontes de informações disponíveis e quais são aquelas que são simples de serem realizadas (pesquisas de percepção, por exemplo). Lembre-se de não reinventar a roda!

Várias são as fontes de informações que já podem existir no seu município. Abaixo, elencamos algumas:

E sobre a bicicleta:

No diagnóstico e em todas as demais fases do Plano, é fundamental a participação dos diversos setores da sociedade civil, do legislativo local e do poder Executivo para que todos entendam a realidade e se engajem para mudá-la – se for o caso – desde o início.

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Como saber se o diagnóstico está bom?

Veja tudo o que foi levantado. Analise bem os dados que você tem na sua cidade. Converse com pessoas de outros segmentos sociais para avaliar o que ainda está faltando.

Ensaie fazer um Levantamento Situacional que é uma espécie de relatório que pode ser produzido por nós da sociedade civil para a avaliação e monitoramento da (política de) mobilidade urbana e transparência de um município, buscando realizar uma espécie de fotografia de sua situação atual – em total consonância com o diagnóstico – em um determinado momento e, assim, permitir comparações e análises ao longo do tempo.

A quem possa interessar, AQUI está um GUIA para criação de levantamentos como esse. Regularmente, atualizar o levantamento nos ajuda a compreender como estão – ou não – as políticas de mobilidade na cidade.

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Recomendação de leitura:

 

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